Ele mora (praticamente) sozinho.

18:00


As coisas não eram como estão hoje.
Tudo mudou e não foi para melhor, não que antes fosse as mil maravilhas, mas já foi melhor do que é hoje.
Eles viveram a vida inteira juntos, e mesmo depois de um tempo, quando ela preferiu outro, ele ainda estava lá, sempre que ela precisou ele estava lá. mas ela não o ver. Ela não consegue enxerga-lo como deveria.
Ele não é perfeito.
Está longe de ser, mas ele sempre está lá.
Quando ela precisa dele, apesar de ter vontade de virar as costas para ela, ele não vira, ele é incapaz de fazer esse tipo de coisa, talvez porque ele acreditava que um dia as coisas pudessem melhorar. Ele está engando. As coisas não vão mudar. Não vão melhorar. Estão piorando a cada dia que passa. Esse é o rumo da vida deles, infelizmente.
Ele já pisou na bola com ela, mas ela faz questão de deixar absurdamente claro que a sua presença a incomoda, mas ele não a deixa. Ele nunca vai deixar.
Uma vez ela mandou ele embora e ele foi, mas voltou. Nem ele mesmo sabe o por quê de ter voltado. Ele se questiona muitas vezes sobre isso: E se eu não tivesse voltado, como seria?
Uma vez, o outro, o que ela prefere, a humilhou de tal maneira que ele achou que ela jamais aceitaria aquilo novamente, mas ela aceitou e nada mudou, ela simplesmente esqueceu, como se nada tivesse acontecido, mas se ele fizer alguma coisa, ela realmente se incomoda.
Ele não entende direito o que passa pela cabeça dela. E parece que não tem mais interesse em saber. Ele imagina que deve ser algo muito horrível sobre sua pessoa, e ele decidiu que não precisa mais se preocupar com isso. O problema é que ele continua lá. Ele não é acomodado, ele só acha que tem a obrigação de permanecer lá. E de certa forma, tem mesmo. Não se sabe se ele aguenta ser tratado como um ninguém pra sempre.
Ele está lá, mas é praticamente invisível. Ela só o nota quando precisa dele, apesar de já ter gritado muitas vezes que não precisa. Ela precisa, ele sabe, ela sabe, ela não admite.
Ele continua lá, mesmo morando praticamente sozinho, mesmo sem ter voz.
Ele fica preso, ele não tem opção. Ele busca incessantemente uma outra opção. Uma maneira de sair de lá, de morar realmente sozinho. De sentir a solidão quando ela realmente existe e não quando é criada, quando ele é obrigado e sentir mesmo sem querer. Ele não queria estar lá, mas ele está.. morando praticamente sozinho.

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